segunda-feira, 11 de outubro de 2010

As memórias que ficaram da infância


BEATRIZ NUNES
Uma vez por outra, lembro-me da minha boneca, mais alta que eu na altura. Era a irmã mais velha que nunca tive, a minha companheira.
Chamava-se Sizaltina. Meu pai deu-lhe este nome com a ideia de provocar a sua irmã, que possuia o mesmo nome.
Desde então, ficou esse nome. Era impossível me esquecer de tal nome... Tinha grandes cabelos encaracolados, cor-de-rosa, vestia um macacão às riscas, azul, na cabeça um chapéu também azul, também às riscas.
Esta boneca, nos tempos que ninguém tinha pachorra para me aturar era a única que o fazia sem reclamar. E, já que as roupas da minha mãe me ficavam que nem uns sacos de batata, vestia-lhe as diversas roupas que encontrava. Não é que também não lhe ficasse grande, mas sempre se ajustava melhor ao seu corpo.
Eu própria a deitei ao lixo. A casa onde vivia era pequena e a boneca demasiado grande para guardar. Fui crescendo e deixei-a de parte, esse tambem foi outro motivo para a deitar fora. No fundo, custou a deitá-la fora, mas ficaram as memórias !

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